Carla Zambelli se entregou às autoridades italiana nesta terça-feira (29). A informação foi dada pelo advogado Fabio Pagnozzi. Carla mantinha uma persona ativa nas redes sociais, comentando, inclusive, sobre sua condenação no Brasil . Entretanto, o que chamou atenção foi o sumiço do marido, o coronel da reserva Antonio Aginaldo de Oliveira, que fez sua última publicação no dia 17 de maio, antes da condenação da esposa.
O último registro do coronel Aginaldo mostra o então secretário de Segurança de Caucaia, no Ceará, participando de uma ação do #MaioLaranja. O afastamento aconteceu dias antes da condenação da deputada, que até hoje era considerada foragida.
A última publicação feita pelo militar destacou o combate à violência contra crianças e adolescentes. Ele escreveu: “ Seguimos juntos na construção de uma Caucaia mais segura, acolhedora e comprometida com o futuro das nossas crianças! ”.
Anterior a isso, no dia 12 de abril, o coronel compartilhou um longo texto em defesa à esposa. Na época, ele classificou Zambelli como a ” mulher do povo ” e afirmou que a ” missão não terminou “.
” Dê uma espiadinha no passado ainda não distante nos assuntos que interessa ao Brasil, é impossível não enxergar Carla Zambelli. A quatorze anos, era quase que obrigatório ao abrir as redes sociais surgir na tela um vídeo da Carla. Nem ela imaginava quão grande se tornaria. Sacudiu o Brasil com os movimentos de rua. Seu grito chegou aos quatro cantos “.
O ex-secretário ainda afirma que era lógico que o ” sistema lutaria para derrubar ” sua esposa. Ele classificou o processo contra Zambelli como um desmonte do poder. ” A quem interessa tamanho absurdo? Essa jogada pretende anular quase um milhão de votos do povo de São Paulo. Para completar, o ex presidente Bolsonaro afirmou que a atitude da Carla prejudicou a reeleição de 2022, aumentando o fardo que se encontra nos ombros dessa mulher. “
Exoneração e afastamento do cargo
Aginaldo foi exonerado do cargo de secretário municipal de Segurança Pública de Caucaia no dia 30 de junho. A decisão, publicada no Diário Oficial, foi assinada pelo prefeito Naumi Amorim.
O ato atendeu a um pedido do próprio coronel, que já havia solicitado afastamento em 21 de maio. Ele justificou a decisão alegando “ doença em pessoa da família ”, sem especificar o parente.
O militar havia assumido a secretaria em janeiro de 2025, após apoiar Amorim na disputa eleitoral de 2024. Mesmo fora do cargo, Aginaldo não comentou publicamente o afastamento nem a situação de Carla Zambelli.
Quem é o coronel Aginaldo
Natural de Alto Santo, no Ceará, Antonio Aginaldo tem 57 anos e mais de três décadas de carreira na Polícia Militar. Ele concluiu o curso de Operações Especiais no BOPE, o que lhe conferiu o título de “ caveira ”.
Durante a carreira, coordenou grandes operações e atuou em eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Também participou de ações de combate ao narcotráfico em fronteiras com Paraguai e Bolívia.
Aginaldo ganhou notoriedade nacional ao assumir o comando da Força Nacional durante o governo Jair Bolsonaro. Em 2020, casou-se com Carla Zambelli em cerimônia que contou com a presença de figuras do governo e Sérgio Moro como padrinho.
Ele ainda disputou uma vaga de deputado federal em 2022 e tentou ser prefeito de Caucaia em 2024, mas não obteve sucesso nas urnas.
O coronel teve papel de destaque em episódios polêmicos, como o motim da PM no Ceará em 2020. Na ocasião, elogiou policiais amotinados: “ Vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos ”.
O discurso ocorreu momentos antes da votação que decidiu pelo fim da paralisação, que durou 13 dias. O episódio marcou sua atuação como comandante da Força Nacional.
Mesmo com o apoio de figuras como Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Zé Trovão e Magno Malta, Aginaldo não obteve êxito nas eleições seguintes.
Após a derrota, manteve proximidade com aliados políticos e assumiu o cargo de secretário de Segurança de Caucaia.
Condenação e fuga de Carla Zambelli
Em junho, o Supremo Tribunal Federal condenou Carla Zambelli à 10 anos de prisão em regime fechado e determinou a perda do mandato. Ela deixou o Brasil no fim de maio e era considerada foragida, com nome incluído na lista da Interpol.
A parlamentar é acusada de articular invasão e inserir documentos falsos em sistemas do CNJ, além de responder por obstrução de Justiça e coação em processo.
Zambelli se entregou nesta terça-feira, cerca de dois meses após sua condenação.