domingo, abril 27, 2025
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Términos Inacabados – Episódio 11

Término Inacabados – Episódio 11

O suspiro de Penélope

No caminho foi fazendo uma série de conjecturas: se Braz sabe que contei vai me esfolar.

Por outro lado, se Ficci sabe que contei que ele tinha a carta também me encrenco.

‘O que faço?’

‘Desculpa, interrompeu o taxista’, o Sr. falou comigo?’

‘Não, amigo. Seu nome é?

‘Cândido”

‘Então, Cândido, é que as vezes eu falo comigo mesmo’

‘Ah, faz muito bem, assim pelo menos alguém te escuta.’ Ela se virava para falar comigo enquanto dirigia de forma insana. ‘Sei bem como é, brigo comigo o tempo todo em voz alta’ complementou e soltou uma risada seca.

Afanes abanou a cabeça com enfado. 

‘Cosme velho, certo?’

E Afanes voltou ao monólogo.

Por outro lado, se ela descobrir a verdade sobre a autoria do texto pode ser que fique aliviada. Quem sabe menos obcecada.

Ele se virou novamente para me perguntar:

‘O Rio é uma maravilha, tú não achas?’

‘Acho sim. Mas amigo, olha para frente.’

‘Claro’ E desacelerou passando a uma velocidade ridicula. 

‘Pode ir mais rápido Cândido?’

‘Já estou no limite’

‘Amigo, você nem imagina o que é o limite.’

‘Como?’

‘Deixa para lá’

O táxi parou em frente a casa do Colecionador. Afanes queria descer logo e perguntou ao motorista para enviar os dados do pix que ele já acertaria.

‘Prefiro que acerte agora’

‘Faço um pix logo mais, pode ser? Sou da Banca, o Volta te conhece’

‘Amigo, acerta agora, na cédula, são 38 mangos. Dá 50 e morreu’

Por alguns segundos Afanes ficou conjecturando sobre a frase

’Dá 50 e morreu’

Então bufou, pesquisou no bolso e jogou a cédula pela janela.

Bateu na porta decorada por desenhos de cupins inspirados.

Ninguém atendeu.

Ele insistiu e bateu palmas.

Depois gritou:

‘Ficci’ Ficci’

Esperou alguns minutos enquanto imaginava o pior. Ele é imprevisível, pode ter seduzido a mulher, pode ter mostrado a carta, pode ter instigado ela a se vingar de Braz.

Afanes socou a porta novamente já bem longe do estoicismo e da imperturbabilidade. Descontrolado passou a gritar!

‘Abre essa porta. Eu sei que você está ai!!’

Quando ouviu os passos de alguém descendo pesadamente ficou aliviado.

Então veio a surpresa

‘Pois não?’

‘A senhora mora aí?’

‘Não Sr. Quem o Sr. procura?’

‘Ernesto. Ernesto Ficcino. Essa é a casa dele, não?

‘Sim.’

‘Ele não está?’

‘Não, viajou.’

‘Mas ele me disse… que nunca viajava.’

A mulher ficou muda. Apenas olhava.

‘Senhora?’

‘Penelope. Meu nome é Penelope.’

‘Pois é Penelope, é muito urgente, tenho que falar com ele. Você é parente dele?’

‘Não, não querido, sou a governanta. Ele me chama em ocasiões especiais. O senhor é amigo dele?’

Penelope era uma mulher alta, de traços exóticos e trajava uma roupa oriental, talvez hindu. Havia algo hipnótico em sua voz. Falava tão calmamente, que fiquei com um sono repentino. Ela me convidou para entrar e quando tocou em meu braço, meu corpo girou. O desmaio era iminente. Tive que segurar no corrimão para não cair.’

‘Obrigado, sim sou um velho conhecido. Se ele não está, prefiro esperar.’

‘Esperar aqui fora?’

‘Sim, é uma emergência’

‘Ela sorriu e me chamou com as mãos para entrar e olhar a casa.’  

‘Sr. Ficci saiu faz uma hora. Estava com duas malas e carregava aquele aparelho.’

‘Aparelho? Qual aparelho? Estava sozinho?’

‘Não.’

‘Moça, presta atenção: preciso saber com quem ele estava. A senhora viu?

‘Com uma jovem, uma bela mulher, eles saíram juntos.’   

Estou perdido, Afanes lamentou baixinho.

‘Não compreendo Senhor.’

‘Quem está perdido não pode mesmo ser compreendido.’

Penelope suspirou e foi a última coisa da qual me lembro!

Continua

Fonte: gente.ig.com.br

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