domingo, agosto 3, 2025
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Términos Inacabados – Ep 39 – Ninguém muda, nunca!

Ficci já estava medicado e com alta hospitalar. Jerusa precisava instalar Ficci em algum hotel, afinal o risco de serem alcançados pelos membros do Vindicta Fidelis e seu bando permanecia.

A moça na recepção do hospital insistia em entrar, e Jerusa já havia percebido que ela era uma agente enviada por Franz. Na verdade ela suspeitava que ela era a motorista do carro que os fechou na estrada.

Com alguma habilidade em sua longa carreira de relações públicas, Jeusa deu qualquer desculpa para a enfermagem e conseguindo driblar a saída da recepção achou um forma de escapar pela porta lateral do complexo hospitalar. Acionaram um taxi e com alguma dificuldade para ampara-lo enfim conseguiu achar um Hotel na Barra da Tijuca.

‘Eu vou acertar tudo com você, fiquei tranquila’ adiantou-se Ficci quando Jerusa pagou a estadia por uma semana. Ela já havia fornecido o próprio cartão de débito para fazer o acerto com o hospital.

‘Não se preocupe, depois vemos, agora é tentar sobreviver’ e metermos esses fanáticos em cana.’

Ficci apenas balançou a cabeça, discordando. 

Ela o ajudou, apoiando seu ombro para que ele não firmasse o pé no chão, e subiram até o quarto número 491.

‘Precisamos de um plano. O que faremos daqui em diante? Esse pessoal não vai desistir, eu avisei, eu os conheço, eu os conheço’

Jerusa abriu a janela para sentir um pouco da luz e da maresia. Precisava respirar. Olhou penalizada para Ficci e  sentou-se na cadeira protocolar que os hoteis oferecem, só queria dormir. Queria sumir dali. Sonhava em voltar a sua mediocre rotina do marketing e se valeria escrever a odisséia, não a do espaço, mas a da orla. Era isso, chamaria o livro de “Uma Odisséia na Orla”.

E riu-se sozinha reavaliando o ridiculo daquela situação.

Refugiados num hotel porque alguns fanáticos queriam vingança por uma suposta objeção aos detratores do Machado de Assis.

“Só o inverossímel tem alguma chance de ser verdadeiro.”, pensou nesta frase de abertura para uma ficção póstuma. 

‘Não nos conhecemos bem Dr. Ficci.’ E interrompeu o que ia enunciar  com um longo suspiro.

‘E sinceramente, seguiu, gostaria muito de saber o que tudo isso significa, minha vida simplesmente mudou nas últimas 48 horas, e nem sei mais como vou voltar para aquilo que já considero minha pacata rotina. Aliás nem sei se quero. Na verdade, o que aconteceu me fez perceber que a rotina é uma invenção conformista para substituir, com danos, uma vida potencialmente criativa.

‘É isso mesmo’ Ficci concordou, enquanto se acomodava na cama fazendo uma mimica de dor.

‘Sente aqui comigo, eu posso…’ Afastou-se do centro e afundou o colchão com a mão para convidar Jerusa.

‘Eu sei’ E Jerusa se afastou.

‘Mas caro Dr. ela prosseguiu, pressinto que não nos veremos mais. Agora preciso saber como está o meu Braz.’

“Meu Braz” que coisa, pensou Ficci, e precisou se controlar para não exclamar, mesmo assim abaixou a cabeça e a balancou de desânimo. 

Com a repetição da frase Dr. Ernesto já não estava convicto que o texto “A queda que as mulheres” traduzido por Machado, alegado objeto de parte da encrenca na qual estavam metidos fosse de todo falso. Se depois de tudo, ela ainda é capaz de exclamar “Meu Braz?” é porque a vulnerabilidade feminina é mesmo incontrolável diante da potência do XY.

E Jerusa realizou o que estava imaginando desde que o conheceu na casa em Cosme Velho há menos de um dia.

Continua…

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Episódio 40 – Em breve … 

Fonte: gente.ig.com.br

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