Morreu na madrugada desta segunda-feira (29), aos 99 anos, a atriz e humorista Berta Loran, um dos nomes mais icônicos do humor brasileiro. A artista estava internada em uma unidade de saúde particular em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Ela completaria 100 anos em março de 2026.
Nascida em Varsóvia, na Polônia, em 1926, Berta imigrou ainda criança para o Brasil com a família, fugindo da perseguição contra judeus na Europa. Eles se estabeleceram no Rio de Janeiro, onde despertou sua vocação para as artes. Foi no teatro de revista que conquistou o público com sua irreverência e talento cômico.
Estreou na televisão no programa Espetáculos Tonelux, da TV Tupi. Em 1963, foi contratada pela TV Record Paulista, mas rapidamente retornou aos palcos com o musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, de Shepherd Mead, dirigido por Augusto César Vannuci.
Em 1966, foi convidada por Boni para trabalhar na TV Globo e integrar o elenco fixo do humorístico Bairro Feliz. A partir daí, participou de mais de quinze programas de humor, oito novelas e diversas peças de teatro.
Na dramaturgia, estreou ao lado de Ary Fontoura em “Amor com Amor se Paga” (1984), de Ivani Ribeiro. Fez participações em grandes obras como “Cambalacho” (1986), “Cama de Gato” (2010), a segunda versão de “Ti-Ti-Ti” (2011), “Cordel Encantado” (2011) e “A Dona do Pedaço” (2019).
Com seu estilo irreverente, a artista fez história ao se tornar uma das primeiras mulheres a trabalhar com humor em um período dominado por homens.
Em 2016, ao completar 90 anos, foi homenageada com o livro Berta Loran: 90 Anos de Humor, escrito pelo produtor João Luiz Azevedo.
Nos últimos anos, Berta viveu de forma mais reclusa, afastada da imprensa e com um perfil mais reservado. Com quase 80 anos de carreira, testemunhou todas as fases da televisão brasileira e as transformações do audiovisual no país.