Enquanto o público vê palcos e artistas, Raquel Boletti observa logística, dados e a espinha dorsal de um mercado bilionário em plena ebulição.
Em 2025, o setor de eventos no Brasil não apenas se recuperou: ele se tornou uma potência que projeta movimentar R$ 141 bilhões.
Neste cenário, a NS Operações, sob a liderança de Boletti, emergiu como um case de sucesso, gerenciando 265 projetos e criando mais de 17 mil postos de trabalho diretos em apenas nove meses.
Esta coluna conversou com a CEO para entender o modelo de negócio e a visão de gestão por trás desses números impressionantes, que refletem a força de um mercado aquecido por festivais como Lollapalooza e The Town e pelo crescimento de até 19% em eventos de grande porte.
Para Boletti, o volume de trabalho reflete uma mudança estratégica fundamental: “O que estamos vendo em 2025 é a materialização da experiência como o ativo mais valioso para as marcas”, analisa. “Os 265 eventos que operamos não são apenas números; representam a confiança que grandes players depositam em nossa capacidade de transformar um conceito em uma realidade impecável.”
O crescimento exponencial da empresa em um mercado tão competitivo foi possível por meio de uma estratégia focada em excelência operacional e inteligência de dados. A chave, segundo a CEO, está em dominar a complexidade dos bastidores.
“Com agendas lotadas e projetos cada vez mais ambiciosos, a execução se tornou o principal desafio – e o nosso grande diferencial”, explica Boletti.
A estratégia da NS Operações se sustenta em pilares sólidos que garantem a entrega em larga escala:
Gestão Centralizada e em Tempo Real: Através de um Centro de Controle (CCO), a empresa monitora todas as frentes da operação ao vivo, permitindo tomadas de decisão ágeis e a resolução imediata de problemas. “Gerenciar uma operação desta magnitude exige mais do que planilhas. Exige um time apaixonado, resiliente e perfeitamente sincronizado”, ressalta.
Especialização e Diversidade: Em vez de generalistas, a NS Operações aposta em equipes com treinamento específico para cada função, do controle de acesso ao atendimento ao cliente. A formação de times plurais, focados em diferentes habilidades, enriquece a capacidade da empresa de lidar com públicos diversos e entregar melhores resultados.
Inteligência de Dados para Otimização: Cada evento gera um volume imenso de informações. A empresa utiliza esses dados para gerar relatórios e análises de performance, otimizando processos e aprimorando a experiência do público a cada novo projeto.
O próximo passo, segundo a CEO, é consolidar o papel da tecnologia como núcleo do negócio: “Provamos nossa capacidade de execução. Agora, o foco é a verticalização. Estamos estruturando unidades para nichos de alto valor, como experiências imersivas, e planejamos transformar nossa inteligência de gestão em um serviço para o mercado. O objetivo é nos consolidarmos como uma event tech.”
Questionada sobre o maior risco que já assumiu, Boletti é enfática: “Foi investir pesado em tecnologia e processos antes que o mercado os visse como essenciais. A lição foi que a infraestrutura não limita a criatividade; ela a liberta.”
Para quem deseja construir uma carreira no setor, ela aconselha começar pela base: “Entenda a ‘poeira’ do evento. Nenhuma faculdade ensina o que se aprende resolvendo um problema real às 3 da manhã. Alie essa experiência prática com o estudo de gestão e finanças. O profissional do futuro é aquele que entende tanto do cabo no chão quanto da planilha na nuvem.”