quarta-feira, outubro 29, 2025
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Oscar Magrini relembra trajetória e fala sobre nova geração

Com 35 anos de carreira, 40 novelas, 28 filmes e 17 peças teatrais no currículo, Oscar Magrini  é um dos nomes mais queridos e consistentes da dramaturgia brasileira. Carismático dentro e fora das telas, o ator carrega uma trajetória marcada por persistência, disciplina e amor pelo ofício, valores que o acompanham desde os primeiros passos no teatro, quando subia e descia a serra entre Santos e São Paulo em busca de aprendizado.

“Subia e descia a serra todos os dias, sem ganhar nada. Só a vontade de aprender já valia o esforço”, relembra. Antes de se tornar um rosto conhecido da televisão, Magrini conciliava as aulas de ginástica, o trabalho como modelo e o sonho de atuar. Foi em 1990 que tudo começou a mudar, quando conquistou seu primeiro papel profissional no teatro, mesmo sem DRT. “Eu não tinha registro, mas tinha coragem e foi isso que me trouxe até aqui.”

De lá para cá, Oscar viveu personagens que marcaram gerações. Um deles foi Ralf, o amante da mulher do rei do gado, papel que seria eliminado no capítulo 30 e acabou virando um dos maiores sucessos da novela. “Era para morrer no começo, mas o público gostou e fiquei até o 135º capítulo. Isso é mérito de trabalho e dedicação.”

Hoje, aos 64 anos, o ator se divide entre teatro, cinema e o universo digital. Recentemente, estreou dois longas lançados em circuito nacional — A Palavra, de Guilherme de Almeida Prado, e Estranhos na Noite, de Walter Neto — além de concluir as gravações de Deixe-me Viver, com Mônica Carvalho, previsto para 2025. 

Criador do projeto “Papo com Magrini”, ele também compartilha  bastidores da profissão e reflexões sobre vida e carreira. “A internet aproxima quem está longe e distancia quem está ao lado, mas é uma ferramenta de trabalho. Eu brinco na internet, mas a coisa é séria”, afirma.

Confira abaixo a entrevista exclusiva para a coluna do IG Gente:

Você começou como modelo e enfrentou muitos desafios até chegar à televisão. Como foi esse início?

Comecei como modelo em 1985, quando morava em Santos. Subia e descia a serra quase todos os dias para estudar teatro em São Paulo. Fiz parte do grupo Boi Voador, do diretor Ulisses Cruz e passava 12 horas por dia aprendendo luz, cenografia, interpretação… Tudo sem ganhar nada, dividindo a gasolina com amigos. Nessa época eu era formado em Educação Física, dava aulas e tinha uma locadora de vídeo. Vendi tudo para investir no sonho de atuar.

Em 1990, vi um anúncio no jornal para um teste com Matilde Mastrangi, John Herbert e Adriano Reis. Eu não tinha DRT, mas fui assim mesmo e acabei passando. Foi minha primeira peça profissional. Depois veio o filme Perfume de Gardênia (1991), de Guilherme de Almeida Prado, e em 1992 entrei na Globo com Deus nos Acuda. Desde então, foram 40 novelas, dois trabalhos em Portugal e uma vida inteira dedicada à arte.

Você costuma dizer que sempre teve que “conquistar o espaço”. Isso continua sendo verdade?

Sim. Sempre comecei com papéis pequenos que cresciam. Em O Rei do Gado, por exemplo, meu personagem Ralf morreria no capítulo 30 e acabou ficando até o 135. O público gostou tanto que virou “quem matou Ralf?”. Tudo é conquista. Eu nunca tive facilidade, o que tenho é dedicação e amor pelo que faço.

Nos últimos anos, você tem se dividido entre teatro, cinema e televisão. Como tem sido essa fase?

Intensa! (risos) Fiz Gatão de Meia Idade, fiquei quase três anos em cartaz e depois emendei Boi Voador e agora Troca Troca, que viajou o Brasil inteiro. Entre um espetáculo e outro, gravei três filmes: Eu Sou a Lei, Estranhos na Noite e Deixe-me Viver, com Mônica Carvalho. Ainda participei de A Palavra, de Guilherme de Almeida Prado, e Joaninha Douradinha, com Dedé Santana, 2024 foi um ano cheio.

E sobre o filme Deixe-me Viver, qual é o seu papel?

Faço o patrão da personagem da Mônica Carvalho. É um drama sensível sobre uma mãe e uma filha doente. Participo em um momento importante da história, que fala de amor e superação. É um filme bonito, humano, que emociona.

Você já fez galãs, vilões e comédias. Qual papel mais gosta de interpretar?

Gosto de fazer o vilão, bonzinho eu já sou! (risos) Mas já fiz de tudo: drama, comédia, galã. Juca de Oliveira uma vez me disse que eu tinha uma ótima veia cômica depois de me ver no Vai Que Cola. São elogios assim que ficam. Quanto mais trabalho, mais sorte eu tenho, mas só eu sei quantas festas, momentos em família e noites de descanso deixei de lado para seguir trabalhando. Ainda bem que tenho uma esposa incrível, a Matilde e uma família que entende meu ofício.

Você criou o projeto “Papo com Magrini”. Como surgiu?

Eu brinco que sou da antiga, mas a internet virou ferramenta de trabalho. O “Papo com Magrini” surgiu para me aproximar do público, mostrar bastidores e compartilhar histórias de mais de três décadas de carreira. É um bate-papo leve, íntimo, que gera muita identificação. Tenho uma equipe incrível comigo e estamos nessa jornada há mais de um ano. É gratificante ver o retorno do público.

Como enxerga a nova geração de atores e influenciadores?

Acho que o mercado mudou muito com a chegada da internet. Hoje, quem tem visibilidade pode ganhar espaço rapidamente e isso tem seu lado bom, porque aproxima talentos de novas oportunidades. Mas, às vezes, vemos pessoas muito preparadas, com talento e formação, perderem chances para quem tem muitos seguidores, mas ainda não está pronto para aquele papel.

Isso é uma realidade e eu falo com respeito. O que defendo é o equilíbrio: que a visibilidade venha junto com o preparo, com o estudo. Porque o público percebe quando há entrega, quando há verdade. No fim das contas, o que sustenta uma carreira longa é o trabalho bem feito e não apenas os números.



Fonte: gente.ig.com.br

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