O Operário Futebol Clube deve dar mais um passo importante em sua história ainda neste mês de novembro. Está marcado para o próximo dia 17 a Assembleia Geral Extraordinária que vai constituir a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) de um dos clubes mais tradicionais do país, mas que passa há décadas por dificuldades financeiras que, agora, espera-se que sejam sanadas.
A convocação para a Assembleia já foi realizada e consta em edital publicado no site oficial do clube (clique aqui e acesse). O local do encontro, que vai ocorrer às 19h de segunda-feira (17), será a sede provisória do Galo, o Clube Campestre Ypê – rua Dr. Eduardo Olímpio Machado, 300, bairro Monte Castelo.
Há meses o presidente do atual bicampeão estadual, Nelson Antônio da Silva, vem discutindo a transição do comando do futebol do Operário para uma SAF que terá à frente o empresário Eduardo Maluf e seus dois irmãos, Marcelo e Ivando.

Conforme apurado pela reportagem, o clima é bastante positivo entre os conselheiros do clube, que não devem impor resistência à mudança de comando e do modelo de gestão do Operário. A expectativa é que o desembarque da família Maluf no Galo seja aprovada por unanimidade, e a equipe esteja sob sua gestão já em 2026 – ano que o alvinegro disputa Copa do Brasil, Brasileirão Série D, Copa Verde, Estadual Série A e a novidade da temporada, a Copa MS.
Conhecida por gerenciar a carreira de diversos cantores do ‘mundo’ sertanejo e organizar inúmeros eventos musicais em Campo Grande, a família Maluf também gerencia a carreira de atletas de futebol, entre eles o atual camisa 10 do Cruzeiro, Matheus Pereira, e o atacante Michael, do Flamengo.
Essa também não será a primeira investida dos Maluf no futebol de Mato Grosso do Sul. No início da década passada (2011-2020), os empresários apostaram em uma parceria com o Novoperário. Contudo, naquela época houve divergência com a direção do clube recém criado e a parceria durou pouco.

Apesar disso, Maluf seguiu no mundo do futebol gerenciando a carreira de atletas e ganhando experiência durante esse período, inclusive se associando em vários negócios a Neymar dos Santos Silva, pai do ex-camisa 10 da Seleção, Neymar.
Empresa já nasce 10 vezes maior que SAF rival
Além das empresas já existentes em nome da família – Dut’s Entretenimento e Dut’s Soccer -, no dia 24 de outubro deste ano foi constituída uma nova empresa, a IM Global Sports, que é o CNPJ que ficará à frente da SAF operariana.
A nova empresa foi registrada no mesmo endereço da Dut’s Entretenimento, constando como sócio-administradores os irmãos Ivando e Marcelo. Além disso, a Global Sports consta com capital social de R$ 1 milhão, valor este 10 vezes maior que o capital social de outra SAF sul-mato-grossense, o Pantanal.
O capital social de uma empresa é o valor investido pelos sócios ou titular para iniciar uma empresa, podendo ser em dinheiro ou bens, como equipamentos e imóveis. Ele serve como um investimento inicial para cobrir os custos da empresa até que ela gere lucro e deve ser registrado no contrato social.
Mais detalhes sobre o aporte financeiro – recursos para novos investimentos e custeio da equipe – da Global Sports na SAF do Operário e outras questões devem ser reveladas apenas no dia da Assembleia Extraordinária, restrita apenas aos conselheiros do clube, que deve ficar com 10% da SAF, conforme preconiza a lei, ficando a Global com os 90% majoritários do comando do futebol operariano.
Em busca de uma casa
Recentemente, os Maluf também acompanharam vistoria realizada no Estádio Morenão pelo governador Eduardo Riedel e equipe, Corpo de Bombeiros e os presidentes da Federação de Futebol, do Operário e do Pantanal, respectivamente, Estevão Petrallás, Nelson Antônio e Gilmar Ribeiro, o Mazinho.
Na vistoria, ficou decidido que o Estado não fará aportes imediatos para que o estádio seja reaberto, porém, o governador indicou que a situação estrutural é melhor do que o imaginado, existindo a possibilidade de reabertura já em 2026, já que os problemas ali eram operacionais e não de ordem legal.
Porém, a reabertura ocorreria com capacidade parcial e, para isso acontecer, seria necessário que os problemas considerados pontuais apontados pelo Corpo de Bombeiros fossem resolvidos, ficando o custeio das obras à cargo dos clubes e Federação. Desde então não houve mais movimentos nesse sentido. Encontrar um bom local para os jogos e outro para treinos era uma das condições para que o negócios entre família Maluf e Operário tivesse sequência.
Elenco em montagem
Na prática, tudo significa que o Operário pode sim brigar pelo tricampeonato estadual em 2026, já montando o elenco para a temporada, que será cheia. Após deixar público seus problemas financeiros mesmo com dois títulos estaduais seguidos no masculino e outros mais no feminino, onde dominou nessa primeira metade de década, o cofre do clube sucumbiu.
A situação se tornou insustentável a ponto de dirigentes terem usado suas finanças pessoais para custear as atividades do clube, se endividando. A redução drástica de patrocinadores, apesar do sucesso em campo, é apontado como um dos motivos dessa situação – um dos grandes trunfos do clube era o apoio do então governador Reinaldo Azambuja, entre os anos de 2015 e 2022.
Mesmo que nenhum jogador ainda tenha sido confirmado para 2026, assim como os nomes da comissão técnica, o gerente de futebol Tiago Pires trabalhou de casa, no interior paulista, nos últimos dois meses, realizando diversos contatos.

Pires retornou à Campo Grande na última semana para seguir com esse trabalho. Por ora, o único levantamento feito indica que o Operário deve contar com um elenco todo renovado e de fora de Mato Grosso do Sul, sem recontratar atletas que defenderam o clube no bicampeão. As únicas exceções seriam os jogadores que se lesionaram e que, assim, possuem estabilidade no clube e só podem ser dispensados sob pagamento de multa, mesmo com o contrato já encerrado.




