Entender o artista ou a banda como um negócio é o primeiro passo
O setor da cultura e das indústrias criativas tem grande relevância para o desenvolvimento econômico do país. Em 2020, movimentou R$230,14 bilhões, o que corresponde a 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com o Portal Gov.br. Valor maior que o da indústria automobilística, responsável por 2,1% do PIB.
Mas, na prática, o que se encontra não é um mercado profissionalizado que encara os produtos culturais como “business”. Tanto que Amanda Souza, Empresária Artística, Curadora e Produtora com mais de 15 anos experiência, criou um curso, o “Produzindo na Música”, que forma profissionais para tratar música e carreira como de fato são: negócios.
Na programação da Feira da Música, que acontece durante o Festival Campão Cultural, Amanda, que já trabalhou com artistas como Paulo Miklos, Emicida e Otto, realizou uma oficina na manhã do sábado (29), para explicar o que é fazer música do ponto de vista estrutural e executivo e tratar de uma das carreiras do mercado musical que mais sofrem da falta de definição e, ao mesmo tempo, que mais exigem uma diversidade de funções e conhecimentos: a do produtor executivo.
“As dificuldades variam muito de acordo com a vivência de cada um, mas o perfil clássico das pessoas que chegam para o curso são artistas independentes que não sabem o básico, como apresentar seu trabalho ou como responder um pedido de orçamento, porque hoje em dia é muito fácil para qualquer pessoa lançar uma música na internet, em um aplicativo, mas é também muito difícil se destacar porque tem muita gente fazendo a mesma coisa que você”, explica.
Para quem está começando
Artista visual e produtora cultural, a douradense Maria Carolina – Damata, que também é MC e se interessa por discotecagem, viu na oficina de Amanda uma oportunidade para entrar no meio musical. “Tenho uma produtora em Dourados, mas é mais voltada para as artes visuais. Quando vi o tema do curso, ainda mais ministrado por uma mulher, decidi fazer. Sei que é muita coisa, mas aos poucos vou aprendendo e me aprofundando”, afirmou.
Também de Dourados, Ludmila Lopes, é arte educadora, produtora cultural e produtora da banda de rap indígena “Odiados”. Com experiência em produção cultural nas artes cênicas, Ludmila também se inscreveu no curso para entender as particularidades da área da música. “Comecei a produzir a banda em 2023, logo que eles surgiram. Vi potencial no trabalho deles e desde então temos aprendido e crescido juntos”, comentou.
Marcelo Brinholi é compositor desde os 13 anos, já trabalhou com duplas sertanejas e tem composições gravadas por mais de 20 intérpretes. Mas, na época da pandemia de Covid-19, desanimou da carreira.
Há 1 ano e meio, ao conhecer a atual namorada Bruna Brunetto, que é cantora, voltou a se animar com a música. O casal passou os últimos três meses em Portugal fazendo shows e apresentações. De volta a Campo Grande, começou a desenvolver o projeto BruMar Musical, motivo pelo qual procuraram o curso de Amanda.
Pra quem já está na estrada
Mas não são só os novatos que procuram entender e aprofundar no que faz um produtor no mercado da música. Como alunos do curso também estavam Guilherme Rondon, cantor, compositor e violonista com mais de 50 anos de carreira e 11 discos gravados, e o baterista Bolha, que há mais de 15 anos roda o mundo tocando com duplas sertanejas, como Maiara e Maraísa, Henrique e Juliano, além do cantor Michel Teló.
O Campão Cultural acontece de 27 a 30 de março e de 3 a 6 de abril. Para conferir a programação completa, acesse o site ms.cultural ou siga a página @festivalcampaocultural no Instagram.
texto: Bianca Bianchi
fotos: Bianca Bianchi