quarta-feira, julho 2, 2025
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O desafio de ser homem na era da reprogramação emocional

Homem forte, provedor, silencioso — a imagem tradicional que muitos ainda carregam está em transformação. Hoje, a masculinidade vive um momento de crise, entre o legado do passado e as demandas do presente. Entre pressões para se mostrar sensível e a expectativa de dureza implacável, muitos homens se veem perdidos, sem saber quem realmente são.

Para Gustavo Hohendorff, mentor com mais de 30 anos de experiência em desenvolvimento humano, a masculinidade não está acabada, apenas precisa ser reinventada com consciência e equilíbrio. Criador da metodologia RCP (Reprogramação Comportamental Positiva). Em entrevista ao Portal iG, ele explica como a figura do “homem de antigamente” virou uma caricatura e quais valores devem guiar o homem contemporâneo.

Masculinidade em transição: do medo à reumanização“

FOTO: Arquivo Pessoal

Gustavo já impactou mais de 5 mil vidas com treinamentos, mentorias e programas corporativos

Não se fazem mais homens como antigamente.” O que essa frase realmente quer dizer?

Essa frase, que muitos repetem com nostalgia ou indignação, revela uma crise profunda de identidade masculina. Por trás dela está a percepção de que os pilares que sustentavam a imagem do “homem de verdade” foram corroídos.

Mas o que eu afirmo é: ainda é possível formar homens sólidos — só que agora com uma nova consciência. O que está em colapso não é o masculino em si, mas uma caricatura dele.

Como era visto o papel do homem no passado?

No passado, o homem era o provedor, o protetor, o que não chorava, não fraquejava, não se questionava. Era sinônimo de força física, de autoridade incontestável, de silêncio emocional.

Isso, por um lado, gerou homens de ação, mas por outro, sufocou gerações inteiras dentro de uma armadura emocional que os impediu de acessar a própria alma.

E quais eram os pontos problemáticos dessa masculinidade tradicional

Ela era baseada no medo: medo de parecer fraco, medo de sentir, medo de falhar. A masculinidade tradicional valorizava o controle, não a conexão. Homens se tornavam duros com os outros porque foram ensinados a serem duros consigo mesmos.

O resultado disso foram famílias desestruturadas, filhos distantes e uma geração de homens que sabia matar um leão por dia, mas não sabia pedir perdão ou dizer “eu te amo”.

Qual é o cenário atual da masculinidade?

Hoje vivemos um vácuo. Muitos homens estão perdidos, confusos, sem modelos saudáveis de referência. Estão entre o que não querem mais ser e o que ainda não sabem como ser. Alguns se retraem. Outros se revoltam.

O masculino está em transição. E é justamente aí que a Reprogramação Comportamental Positiva entra: para ajudar homens a se reconstruírem com base em propósito, inteligência emocional e espiritualidade prática.

O que está faltando na formação dos homens de hoje?

Está faltando rito. Direção. Verdade. Homens precisam de espelhos saudáveis, não de filtros sociais. Precisam de mentores, não de mais entretenimento. Precisam ser desafiados a crescer, não apenas acolhidos em suas fragilidades.

Está faltando coragem para se responsabilizar e humildade para se transformar. E principalmente: está faltando espiritualidade ativa — não religião, mas conexão com o eterno.

Que valores você considera essenciais nesse novo tempo?

Honra. Verdade. Coerência. Escuta. Propósito. Presença. Disciplina. E sobretudo: o compromisso de se tornar um homem melhor do que foi ontem.

Um homem que protege sem oprimir, que lidera servindo, que sente sem se perder, que ora sem vergonha, que constrói com amor e enfrenta com firmeza. Um homem inteiro.

O que é a “reumanização do humano”, que você menciona no seu livro?

É o processo de retorno à essência. De resgatar o humano que foi sufocado pela performance. De lembrar que ser forte não é se endurecer, mas sim saber onde e quando se quebrar para renascer mais verdadeiro.

A reumanização é um caminho de volta ao coração — aquele lugar onde corpo, mente e espírito se alinham. Onde o homem se reconhece vulnerável, mas poderoso. Não é sobre ser perfeito, é sobre ser real.

Que tipo de homem o mundo precisa hoje?

O mundo precisa de homens reprogramados. Homens despertos. Que saibam fazer uma reunião e fazer uma oração. Que sustentem uma casa e também saibam sustentar o silêncio. Que lutem, mas também saibam se render à vontade de Deus. Que se responsabilizem pelas próprias sombras e levem luz por onde passarem.

O mundo precisa de homens que entenderam que sucesso sem paz é fracasso disfarçado. Homens que sabem que a verdadeira força está na unidade entre masculinidade, maturidade e espiritualidade.

Sobre o palestrante

Gustavo Hohendorff é mentor, palestrante e escritor com mais de três décadas dedicadas ao desenvolvimento humano. Criador da metodologia RCP, ele alia experiência prática em artes marciais — é faixa-preta de Jiu-Jitsu — a formações em inteligência emocional e espiritualidade. Ex-professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Gustavo é certificado pelo HeartMath Institute (EUA) e já impactou milhares de pessoas com treinamentos e mentorias.

Fonte: gente.ig.com.br

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