Responsável pela interpretação de diferentes perfis de personagens em novelas, peças de teatro e filmes, Francisca Queiroz está se aventurando em outra forma de produzir arte: a escrita. Em entrevista ao iG Gente, a atriz de “A Vida de Jó”, trama bíblica exibida na Record, detalha essa mudança, fala da vida pessoal e dos próximos passos profissionais.
“Eu já venho escrevendo faz um tempo. Estudei e quis me enveredar para escrita, aprender as técnicas. Foi muito consciente assim. Não queria só me lançar assim pela minha intuição ou pela minha experiência com atriz. Fiquei anos estudando”, diz ela, formada em Letras pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
O primeiro texto da artista para o teatro é “Ela e Algumas Histórias”, cuja direção fica a cargo de Ernesto Piccolo. A montagem amplia o universo feminino ao contar a história de uma mulher que se vê em um emaranhado de mudanças após o fim de um intenso matrimônio.
No entanto, os dramas vivenciados também atingem o público masculino, ela conta. “Fico muito impressionada quando acaba a peça, não só mulheres, mas homens também, vem falar como se sentiram representados, como se veem, como passaram por situações semelhantes” .
Alguns dilemas da própria vida pessoal da roteirista foram usados para a composição cênica do texto. “Falo sobre a separação, alienação parental, né, então há momentos dramáticos difíceis, apesar da peça ser toda costurada no humor. Mas tem a minha experiência, quando eu me separei e entrei no judiciário do Brasil, eu vi o quanto ele é machista”, revela.
“Vejo que as mulheres estão sendo tocadas e os homens também, bastante para minha surpresa, fazendo uma reflexão sobre o machismo deles, da estrutura e de mesmo que, às vezes, não querendo, são privilegiados”, comenta.
Reformulações
Ainda que a montagem se encerre no próximo domingo (26), no Teatro das Artes, na Gávea, Rio de Janeiro, Queiroz enxerga uma continuidade na trama, não apenas em futuras exibições, mas também em outros formatos, como filme ou até mesmo série.
“Acho que pode se desdobrar, sim. Dependendo do caminho que se faça, dentro do teatro mesmo, ou quem sabe até virar outras coisas assim, como filme, série. Eu acho que é uma história que pode, sim, sem dúvida nenhuma, ser adaptada para outras linguagens”, a ntecipa.
Planos futuros
Sendo vista não apenas nos palcos, mas também na trama bíblica da emissora de Edir Macedo, Francisca não quer se despedir da escrita. Pelo contrário, na verdade, vai investir em projetos nos quais trabalhe apenas como autora e sequer apareça atuando.
“Eu já comecei a escrever um outro texto, mas não para eu atuar. Não é um projeto que eu vejo fazendo, mas estou com vontade de dar sequência nesse lugar de escrita. Eu acho que esse texto [da peça ‘Ela, e Algumas Histórias’] me deu essa confiança de que eu já estou pronta”, observa.
“Quero me dedicar mais isso, entrar para escrever dramaturgia. Com a maturidade, com a idade, com a vivência, com a minha história, fiquei com vontade de falar sobre a minha perspectiva de vida, sobre o meu ponto de vista, sobre a vida, sobre as coisas que me tocam, é ganhar voz”, conclui.



