Buteco do Miau, no bairro Tiradentes, foi palco de quatro shows
Em uma noite já quente na capital sul-mato-grossense, quatro shows fizeram a temperatura ferver no Buteco do Miau, localizado no bairro Tiradentes, em Campo Grande, na noite desta 6ª feira (28).
O calor era tanto que o empresário Edmilson Moreira Arruda, o Miau, teve que repor o estoque de água do bar três vezes. “Aceitamos o convite com o maior prazer, trabalho na noite há 30 anos, sou um incentivador da música, mas não esperava que o público compraria tão bem a ideia. É impressionante a força desse movimento, o Campão Cultural, que traz gente diferente pra tocar e atrai também um público novo também,”, afirmou.
Quem abriu a noite foi o grupo de rap “Odiados”. Formado por artistas douradenses e de das etnias Terena e Guarani, a banda fortalece sua identidade cultural, inspirando jovens e adultos das periferias e comunidades indígenas por meio da música e cultura de rua.
Marinn (vocalista e compositor), Discreto (vocalista, MC e compositor), Vidau (compositor e beatmaker) e DJ Guisfe criaram o grupo em 2023, depois de um período de aprimoramento individual de suas habilidades durante o isolamento da pandemia de Covid-19.
O show desta sexta-feira foi o primeiro do grupo fora de Dourados. “É incrível tocar para um público diferente, em uma cidade diferente. É uma grande vitrine para o nosso trabalho, esperamos que seja a primeira de muitas oportunidades”, comentou Marinn.
O grupo “Odiados” já tem show marcado em Campo Grande para novembro e deve lançar seu 1º álbum autoral ainda em 2025.
Na sequência, a banda Bêbados Habilidosos trouxe toda sua bagagem de 30 anos de carreira como pioneira do blues em MS. A banda focou o repertório da noite em músicas compostas por Renato Fernandes, vocalista, letrista e fundador, falecido em 2015, encerrando com a clássica “Cerveja”.
Terceiro grupo a subir ao palco, a banda “Molho Negro” veio direto de Belém do Pará par integrar a programação do Campão Cultural. Com quatro álbuns lançados, a banda formada por João Lemos (vocal e guitarra), Raony Pinheiro (baixo) e Antonio Fermentão (bateria), era a atração mais esperada pelo funcionário público Rafael Pereira, que também já tem experiência como produtor musical.
“Conheci a banda em São Paulo, se não fosse o Campão, dificilmente conseguiria ver um show deles aqui. É uma oportunidade também para bandas locais menores, que têm qualidade, que são boas, mas não têm tanto acesso ao mercado”, comentou. Mesmo sem conhecer as bandas, a auxiliar financeira Ana Carolina dos Santos topou o convite de Rafael e se diz surpresa com o que viu. “Realmente são bandas muito legais, eu não sei ainda como não conhecia os Bêbados Habilidosos”, confessou.
Para o professor e músico Leandro Bezerra, a troca de experiências entre bandas locais e bandas de outros estados e até países é fundamental para dar visibilidade aos diferentes trabalhos. “A iniciativa é importantíssima, é uma questão de visibilidade mesmo, porque esse intercâmbio com as bandas que vêm de fora também pode torná-las uma ponte para levar os trabalhos daqui para outros públicos”, ressaltou.
Quem encerrou a noite foi a banda paraguaia Funk’chula, que surgiu na capital Assunção, em 2019, com o single “Hotel Boston”, e rapidamente ganhou popularidade pelo som e pela estética únicos. Formada por Pablo Ritter (vocal), Luigi Manzoni (guitarra), Juanda Navarro (baterista) e David Correa (baixista), o grupo já fez também turnês internacionais pelo Uruguai, Argentina e Espanha e já tem dois álbuns, além de singles, incluindo parceria com a campo-grandense Marina Peralta.
O Campão Cultural acontece de 27 a 30 de março e de 3 a 6 de abril. Para conferir a programação completa, acesse o site ms.cultural ou siga a página @festivalcampaocultural no Instagram.
texto: Bianca Bianchi
fotos: Maurício Costa Jr