Milly Lacombe foi uma das convidadas do programa Dando a Real, da TV Brasil. A atração, apresentada por Leandro Demori, recebeu a jornalista e ex-TV Globo, que falou sobre diversos temas, entre eles, o machismo no futebol.
A profissional que se viu no centro de uma polêmica em 2006, com o técnico Rogério Ceni, falou sobre o pior momento de sua carreira na televisão.
O que aconteceu?
Tudo ocorreu no programa Arena Sportv, no mesmo ano. Na época, a atração, comandada por Cleber Machado e com participações de Armando Nogueira e Milly Lacombe, comentava a atuação de Rogério Ceni como goleiro na semifinal da Libertadores. Porém, entre os elogios ao desempenho, Milly acusou Ceni de falsificação.
Segundo Milly, Rogério teria falsificado uma assinatura em uma proposta falsa do Arsenal, da Inglaterra, visando conseguir um aumento salarial. Com o comentário, Cleber tentou explicar que o caso se tratava de uma pendência entre Rogério Ceni e Paulo Amaral, ex-presidente do São Paulo, ocorrida em 2001.
Na época, Ceni afirmou ter recebido uma proposta do clube inglês, o que deu início a uma rusga entre ele e o dirigente. Devido à situação, o goleiro ficou 29 dias afastado e retornou aos trabalhos logo depois.
Após Milly mencionar o episódio, Rogério ligou para a emissora e discutiu ao vivo com a jornalista, frisando haver gravado o que ela disse e que ela teria que provar o que afirmou.
Milly comenta sobre o episódio em sua vida profissional
Em entrevista à TV Brasil, a jornalista comentou sobre o episódio, que em sua visão, foi carregado de machismo:
“Uma mulher, quando ela erra, ela erra pelo gênero. Então, eu não errei sozinha. Eu errei pra justificar o que o cara que fala: ‘Tá vendo, mulher não pode falar de futebol'” , iniciou.
“O cara que erra é o nome que erra: ‘Pô, o João fez um comentário’, a mulher não. Então, quando eu saí da Globo e fui para a Record e depois eu saí do futebol, demorou muito tempo até a Ana Thaís aparecer. E aquilo me incomodava demais, porque eu peguei aquilo pra mim, assim: ‘Eu errei, e agora as mulheres não vão mais’. Eu fechei a porta, a porta que eu estava abrindo, eu fechei” , continuou.
Milly frisou que chegou a falar com Ana Thaís — uma das profissionais femininas pioneiras em cobrir esportes na TV, depois de Lacombe:
“Encontrei a Ana Thaís depois de um tempo, assim, e a gente se abraçou e eu falei: ‘Cara, desculpa, eu achei que não ia pintar alguém como você'” , contou.
“Tem um detalhe que é perverso, mas eu preciso também entender esse detalhe, que é assim: se eu usar o meu erro, se eu tentar usar o machismo pra explicar o meu erro, eu vou estar dando uma desculpa pro meu erro. É claro que teve o machismo na reação ao meu erro” , disse.
Por fim, a profissional contou que se apropriou do erro e seguiu em frente:
“Mas o erro original é meu, se eu não me aproprio dele, eu não vou pra lugar nenhum” , finalizou.