segunda-feira, novembro 3, 2025
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Melodias 'lisérgicas' de Lô Borges embalaram musicais no teatro

A saída de cena do cantor, compositor e instrumentista Lô Borges  (1952-2025) na noite de domingo, 02, aos 73 anos, fez com que veículos de comunicação e usuários das redes sociais jogassem (merecido) holofote naquilo que realmente mais importou na trajetória do mineiro Salomão Borges Filho: sua música.

Magistrais, as melodias e harmonias criadas por Borges para as letras de parceiros como Fernando Brandt (1946-2015),  Milton Nascimento e o irmão Márcio Borges foram essenciais para tatuar as canções que compuseram o álbum Clube da Esquina na memória afetiva de todo um país.

Boa parte desta obra já foi celebrada no teatro em pelo menos duas ocasiões. A primeira em 2012, quando a dupla de diretores Charles Möeller e Claudio Botelho encenou Milton Nascimento – Nada Será como Antes , musical encomendado pelo próprio Milton Nascimento para festejar seus 50 anos de carreira e 70 de vida.

Focado em reverenciar Nascimento, o musical prestou invariável tributo a Borges, responsável por compor melodias para letras que se tornaram clássicos ao virem ao mundo no repertório do Clube da Esquina – muitas na voz tamanha do amigo de fé.

Com 14 cantores e instrumentistas à serviço da obra, o musical enfileirou clássicos como Um Girassol da Cor do seu Cabelo (Lô Borges/ Márcio Borges), O Trem Azul (Lô Borges/ Ronaldo Bastos) e Nuvem Cigana (Lô Borges/ Ronaldo Bastos), em uma encenação que contou com a ajuda involuntária de Borges que construiu, nas palavras do diretor Charles Möeller “um universo lisérgico de imagens e sons”.

“Difícil é trabalhar com músicas ruins e com compositores ruins. Com o Lô era um deleite, as imagens são incríveis!”, avalia Möeller, responsável pela encenação de Nada Será como Antes e pela dramaturgia de 14 , musical ainda inédito construído com base nas canções do  Clube da Esquina .

Divulgação

O ator Cadu Libonatti e Lô Borges

Lançado em março de 1972, o antológico Clube da Esquina também ganhou um musical para chamar de seu. Tomando como base o livro Os Sonhos não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina (1996), o musical Clube da Esquina – Os Sonhos não Envelhecem contou, em texto de Fernanda Brandalise, os caminhos traçados pelo trilho do destino que interligou as histórias de Nascimento e dos irmãos Marcio e Lô Borges (interpretado no espetáculo por Cadu Libonatti).

Responsável por dar vida a Milton no musical, o ator Tiago Barbosa protagonizava um dos momentos mais marcantes do espetáculo dirigido por Dennis Carvalho ao interpretar Clube da Esquina nº 2 . “Sempre foi transcendental interpretar essa melodia”, diz o ator, que lembra do carinho que Borges cultivou com o elenco do musical. “Ele nos recebeu após um de seus shows com muito carinho para contar suas vivências.”

“Parece que a ideia que formamos é que esses ‘corpos’ seriam imortais. Estranha notícia que toca num lugar sagrado. Silenciou-se uma das vozes mais importantes de uma geração. O Brasil perde”, finaliza o ator, que celebra a obra de Borges quando sobe ao palco com seu show Tiago Barbosa Canta Milton Nascimento , cujo roteiro é arquitetado majoritariamente com as canções do álbum de 1972.

Com obra que transcendeu os limites mercadológicos de sua época, Borges ainda merece um musical para chamar de seu e que narre com a devida justiça a trajetória errante de um músico que se deixou levar pelo tempo mágico de sua própria música, sem jamais se curvar a gravadoras ou às necessidades de um mercado acostumado a moer talentos. A ver.

Fonte: gente.ig.com.br

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