Aos 69 anos, o ator Marcos Oliveira, eternizado pelo papel de Beiçola na série “A Grande Família”, vive um novo capítulo de sua trajetória no Retiro dos Artistas, instituição que acolhe profissionais da cultura na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Morando no local desde abril, o artista participou recentemente de um mini documentário produzido pelo próprio abrigo, no qual compartilhou reflexões sobre a profissão, o envelhecimento e o afastamento do mercado audiovisual.
“ O Retiro é maravilhoso. É um encontro de pessoas já com uma certa idade, que o mercado não aceita, e aqui você tem um amparo” , disse Marcos, destacando o papel fundamental da instituição na reconstrução de sua qualidade de vida.
Ele também falou sobre os desafios enfrentados por artistas veteranos para se manterem ativos profissionalmente: “É difícil restabelecer sua condição de vida, de saúde e aprendizado para continuar no trabalho, na produtividade”.
Reconhecido nacionalmente pelo carisma do pasteleiro Beiçola, personagem que interpretou por mais de uma década na Rede Globo, Marcos não esconde a frustração com o estigma que o acompanha desde o fim da atração, em 2014.
“Tem uma sociedade e um monte de gente voltando para trás, com esse sentimentalismo do passado. Que, claro, foi bem, maravilhoso, mas foi do passado. Eu quero ir para frente, fazer coisas novas. Não quero ficar no passado. Eu não estou morto. Estou muito vivo e quero trabalhar”, afirmou, em tom direto.
O ator também fez um duro desabafo sobre o etarismo na indústria do entretenimento: “As pessoas não querem você porque você é um velho, fracassado, motivo de deboche. Riem muito da sua cara. Fica sempre uma coisa meio duvidosa: até que ponto você foi engraçado e até que ponto: ‘Ah, olha lá, tá vendo. Tá lá no Retiro, se perdeu…’”.
Apesar dos obstáculos, Marcos mantém-se ativo. Ele participa de aulas de dublagem oferecidas no próprio Retiro e segue em busca de atualização profissional.
“Temos que ter essa condição de vida de não parar. De sempre estar se atualizando” , defendeu.