Luana Salvador Rodrigues, uma jovem Terena de 18 anos, começou sua história declarando: “Desde a infância, meu desejo era ser advogada para defender minha comunidade”. Após concluir o Ensino Médio na Escola Estadual Indígena Cacique Timóteo, localizada na Aldeia Cachoeirinha, em Miranda, Luana foi aprovada em primeiro lugar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Nos próximos dias, ela se mudará para Campo Grande para realizar seu grande sonho de se tornar advogada e lutar pelos interesses de seu povo.
Determinada a conquistar uma vaga no curso de Direito, Luana relembrou os últimos três anos de dedicação, conciliando estudos na Rede Estadual de Ensino com pesquisas e revisões em casa.
“Desde que entrei no Ensino Médio na EEI Cacique Timóteo, minha meta era me preparar para os vestibulares, o que não foi fácil, especialmente porque o primeiro ano foi durante a pandemia. No entanto, consegui me organizar para conciliar os estudos da escola com os de casa”, disse Luana.
Apesar de não poder se inscrever no Enem por falta de documentos pessoais, Luana não desistiu e se dedicou ao vestibular da UFMS, que resultou em sua aprovação.
A notícia foi compartilhada por sua irmã mais velha, Anaís, e recebida com grande alegria pela família e membros da Aldeia Mãe Terra, onde Luana reside com seus pais.
“Foi um choque! Todos ficaram paralisados e felizes ao mesmo tempo. A ficha demorou a cair… ainda não conheço a faculdade, mas já fiz minha matrícula online e estou me preparando para morar com minha tia. Recebi muitas palavras de apoio dos anciãos, família, amigos e líderes da minha comunidade, o que me faz sentir forte para seguir este caminho”, concluiu Luana Salvador Rodrigues, a primeira indígena a nascer e crescer na Aldeia Mãe Terra a ingressar no Ensino Público Superior.
Sua aprovação é resultado do trabalho contínuo realizado nas unidades escolares da Rede Estadual de Ensino, que oferecem Educação Indígena. Elciney Paiz Flores, da Coordenadoria de Modalidades Específicas da SED (Secretaria de Estado de Educação), destacou o papel técnico-pedagógico da Educação Escolar Indígena no Território Etnoeducacional Povos do Pantanal.
“A Educação Escolar Indígena é uma ferramenta que nós, povos indígenas, estamos utilizando para garantir a efetivação de políticas públicas e a proteção de nossos direitos constitucionais, ocupando os espaços que nos são de direito e beneficiando nossas comunidades. Além disso, contribui para o desenvolvimento de nossas aldeias, municípios, estado e país”, explicou Elciney Paiz.
Fotos: Luana Salvador Rodrigues
