No teatro Aracy Balabanian, o Coletivo Experimento Abhora de Londrina, Paraná apresentou neste sábado (5) o seu mais novo trabalho, “Entram as Três Bruxas – Dançando Macbeth”, uma adaptação da clássica tragédia de William Shakespeare para o universo da dança. A apresentação fez parte das atrações do Campão Cultural 2025.
Com direção de João Mosso, o espetáculo lança luz sobre as figuras femininas de Macbeth, as três bruxas e Lady Macbeth. O espetáculo, é um solo que exige entrega e versatilidade da bailarina Bianca Santos Ribeiro, que transita entre as quatro personagens femininas centrais da obra.
A narrativa, que na peça original acompanha a ascensão e a queda do nobre escocês Macbeth, no espetáculo ganha novas camadas ao colocar as mulheres como forças motrizes da ação. A proposta do espetáculo é revisitar o clássico com uma linguagem contemporânea, resgatando temas universais do texto original.
No palco, corpo e movimento substituem as palavras. Em vez do texto falado, é a dança que conduz a narrativa. A bailarina do espetáculo, Bianca Santos Ribeiro, de 27 anos, explica a produção.
“O espetáculo é sobre a peça Macbeth de Shakespeare, que é basicamente sobre a ambição e a sede por poder a qualquer custo. Só que na peça é sobre um rei escocês e a gente escolheu focar nas mulheres da peça, então não falar desse rei, mas falar das bruxas que aparecem pra ele, que ele tem visões de três bruxas e da mulher dele, que é a Lady Macbeth, que ela é a personagem que basicamente desperta nele a vontade de ser rei. Então, decidimos mostrar a peça a partir da perspectiva delas, porque na nossa opinião são elas que fazem tudo acontecer na peça”.
João Moço, de 27 anos, é o diretor do grupo Experimento Abohra e sobre a preparação da obra ele ressalta: “nós temos uma oficina chamada literatura dançada, onde nós tentamos trazer a literatura para dança e como conseguimos desenvolver isso em cena. Um dos nossos meios foi escrever cartas realmente para essas mulheres da peça, do espetáculo. E a gente buscou a partir do texto quais eram as ações que elas tinham e como transcrever isso pra dança”, destacou João.
Entre o público estava Júlia Mansur, de 23 anos, intérprete nas companhias Ginga, Cia de Dança e Cia do Mato. Ela ressaltou a importância da presença de espetáculos de dança no Campão Cultural.
“Pensando sobre a importância da dança no Campão Cultural, eu vejo que ele pode ser um meio de aproximar a sociedade em geral a essa forma de pensar e ler o mundo, que é a dança, uma das artes. Acho que as artes são esses caminhos que a gente tem de rever as coisas que já conhecemos. Então, rever relações, ambientes, nós mesmos, criar novas interpretações do que a gente já conhece e a dança é um caminho para isso”.
Bel Manvailer, Comunicação Campão Cultural
Fotos: Altair Santos/ Comunicação Campão Cultural