Aos 21 anos, Kamila Cardoso, conhecida como Irmã Eva, viralizou nas redes sociais ao compartilhar sua trajetória de ex-modelo e ex-miss que trocou as passarelas pela vida religiosa. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., ela detalhou os votos de castidade, pobreza e obediência que fez ao ingressar na congregação Sancta Dei Genitrix, uma comunidade independente registrada como Igreja Católica Ortodoxa Siriana Renovada, sem vínculo com a Igreja Católica Apostólica Romana.
Votos religiosos e vida passada
Irmã Eva explicou que os votos são “juramentos perante Deus” que regem o comportamento das religiosas. Sobre a castidade, admitiu ter tido relacionamentos antes da vida consagrada: “Eu era uma pessoa do mundo, tive namoro, beijo aqui e acolá. Mas hoje coloco Deus em primeiro lugar. Escolhi Ele” . Quanto à pobreza, destacou que não pode possuir bens pessoais: “Tudo é da comunidade, repartimos o que temos”.
Congregação independente e diferenças em relação ao catolicismo tradicional
A Sancta Dei Genitrix, sediada em Brasília e liderada por José Ribamar R. Dias, não tem ligação com a Igreja Católica Romana ou com a Igreja Ortodoxa Siriana oficial. Diferente do celibato obrigatório para padres católicos romanos, os líderes da congregação podem se casar, enquanto as irmãs permanecem celibatárias. Algumas integrantes, porém, já tiveram filhos antes de ingressar na comunidade.
Práticas distintas e perfil jovem
As religiosas da Sancta Dei Genitrix usam vestes tradicionais, mas mantêm hábitos incomuns em ordens convencionais, como o uso de maquiagem. Os cultos mesclam elementos carismáticos, como músicas do Padre Marcelo Rossi, e hinos protestantes, distanciando-se dos ritos sírios tradicionais.
A comunidade, que reúne cerca de 70 membros – a maioria jovens –, vive em uma chácara em Brasília, onde desenvolvem projetos sociais e produzem parte de seu sustento.
Enquanto a Igreja Ortodoxa Síria original segue o Patriarcado de Antioquia, congregações como a Sancta Dei Genitrix operam de forma autônoma, gerando debates sobre transparência e identidade religiosa.
Irmã Eva, que entrou para a comunidade aos 16 anos, enfatiza sua decisão consciente: “Deixei o mundo porque encontrei algo maior”. Ainda assim, sua história continua a chamar atenção pela ruptura com estereótipos tradicionais da vida religiosa.