segunda-feira, abril 7, 2025
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Escola de Capoeira leva gingado e educação ambiental à Praça do Rádio em último dia do Campão Cultural

Grupo usou teatro e movimento para transformar a “Puxada de Rede” em um alerta sobre a preservação dos rios

O Campão Cultural chegou à sua reta final na Praça do Rádio Clube, neste domingo (06), com a apresentação da Escola de Capoeira Grupo Memória Formada Pindorama. Acompanhados da professora Priscila Coutinho, conhecida como Professora Pindorama, os alunos encenaram uma versão adaptada da tradicional “Puxada de Rede”, misturando arte, memória e educação ambiental em uma única atividade.

Na apresentação, um rio simbólico foi representado com um pano azul. Quando os “pescadores” lançavam a rede, o que voltava era lixo, e não peixes. Durante a apresentação, os participantes foram colocando cada resíduo em seu lugar: lixeiras coloridas posicionadas no espaço. Ao final, com a “limpeza” feita, o rio voltou a mostrar peixes e vida. O público acompanhou atento, e muitos se emocionaram com a simplicidade e a força da mensagem.

“A Puxada de Rede quase caiu no esquecimento. A gente faz esse resgate não só como arte, mas também como um caminho de educação ambiental”, explicou Priscila. Segundo ela, a escola leva o tema da sustentabilidade para o dia a dia de forma prática. Toda semana, os alunos são incentivados a levar de casa os resíduos sólidos que encontram na própria residência ou na comunidade onde vivem. Esses materiais são transformados em brinquedos, que depois são trocados entre os colegas ou dados de presente.

“É um trabalho que conecta gerações. Os pais e avós ajudam a construir brinquedos que muitas crianças hoje nem conhecem mais, como o pé de lata, o tamancão chinês, o bilboquê e o pião. A gente ativa a memória afetiva e ensina, ao mesmo tempo, o valor da reciclagem”, contou.

Para Priscila, a capoeira vai além da movimentação corporal. “Trabalhamos com transversalidade, que atravessa tudo: a parte social, psicológica, emocional. Lá, a criança aprende a ginga, mas também aprende sobre respeito, comunidade, meio ambiente e cultura. É um espaço aberto para todos, temos alunos de 4 a 68 anos, homens, mulheres, crianças, idosos. Capoeira é para a sociedade.”

A presença do grupo no Campão Cultural, segundo ela, representa mais do que uma apresentação. “É um marco. O Campão dá visibilidade para aquilo que é nosso. É sobre pertencimento, sobre memória. E um povo que não tem memória, não terá história pra contar.”

Na plateia, a participação das famílias mostrou o impacto do projeto além do espaço de treino. Valdirene Rodrigues, mãe do aluno Francesco, de 11 anos, acompanhou a apresentação com lágrimas nos olhos. “Ele era muito introvertido. Com a capoeira, aprendeu a falar em público, a se envolver mais, até em casa está mais presente. Eu fico emocionada de ver.”

Angela Santos, mãe de Angelina, de 9 anos, também percebeu mudanças. “Ela era muito ansiosa e nervosa. Melhorou bastante, hoje conversa mais, se relaciona melhor. E aprende que ninguém joga capoeira sozinho. É tudo em grupo, é família.” A própria Angelina resumiu o sentimento de se apresentar em praça pública: “Parece que eu estou ensinando outras pessoas o que aprendi. E isso é muito legal.”

A apresentação da Escola de Capoeira Grupo Memória Formada Pindorama durante o Campão Cultural foi poderosa. Com música, movimento e cuidado, a apresentação mostrou como a cultura pode ser uma ferramenta de transformação,  para quem pratica e para quem assiste.

texto: Evelise Couto

fotos: Marithê do Céu

 

Fonte: www.fundacaodecultura.ms.gov.br

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