Celia Cruz, a rainha da salsa, completaria, em outubro, 100 anos de vida.
Para comemorar a data, o Sesc Ipiranga promoverá o show Homenagem ao Centenário de Celia Cruz , na sexta (25/07) e no sábado (26/07), às 20 horas, com o grupo Batanga & Cia., tendo como convidados a cantora Fabiana Cozza e o músico Swami Jr.
Durante décadas, a cantora Celia Cruz empolgou multidões com sua potente voz e sua simpatia envolvente. Primeiro, em sua Cuba natal e depois nos Estados Unidos, onde se exilou em 1959, e pelo mundo afora.
A cantora cubana morreu em 2003, com 77 anos, em Fort Lee, Nova Jérsei, nos Estados Unidos.
Entrevista
No final dos anos 90, em uma de suas visitas ao Brasil, entrevistamos com exclusividade a cantora Celia Cruz.
Aqui reproduzimos alguns trechos dessa entrevista na qual ela fala de música, de sua Cuba querida e da parceria com David Byrne.
Celia Cruz é considerada a rainha da salsa. Mas para você, o que é a salsa?
Salsa é o nome comercial que colocaram na música cubana, como ritmo ela não existe. Ninguém pode dizer: “Esta é a salsa”, ou melhor, “Estes compassos são de salsa”. Colocaram esse nome porque a nossa música estava ficando para trás.
Mas salsa (que em espanhol, significa molho, tempero) não é uma palavra nova, pois já existia a “salsa de tomate”… (risos).
A juventude, que é quem faz a moda, gostou do nome e a consagrou.
Mas o que é a salsa de Celia Cruz, seria o mambo?
Canto de tudo, por isso digo que ela é a música cubana. Na palavra salsa estão agrupados o mambo, a guaracha, o chachachá, a rumba e o guaguancó. Todos esses ritmos fazem parte da música cubana.
Agora, quero que você me diga: de que outro país temos música na salsa? Não há. Em Porto Rico temos a bomba e a plena; na República Dominicana, o merengue; na Colômbia, a cumbia ou seja tudo que se canta na salsa é música cubana.
Você já gravou com David Byrne. Isso acrescentou algo para sua carreira nos Estados Unidos?
Foi bom ter gravado “Loco de amor” com Byrne, música que fez parte da trilha sonora do filme Totalmente Selvagem , mas isso não significa que me trouxe sucesso.
Na época, ele foi muito criticado por ter acrescentado o som latino à sua música.
Esse trabalho que fiz com David Byrne é muito mais comentado pelos latinos, do que pelos próprios americanos, pois não estavam muito de acordo com o resultado.
Mas Byrne não deu a mínima. Ele só faz o que tem vontade (risos).
Você vive há quase 40 anos nos Estados Unidos. Durante esse tempo, a música americana teve alguma influência no seu trabalho?
Não, sigo apenas as minhas raízes. Nem penso em gravar em inglês, porque há muitas boas cantoras americanas que irão pronunciar as canções de uma maneira muito melhor do que a minha.
Mas em Os Reis do Mambo você gravou em inglês.
Sim, mas eram músicas minhas: “La dicha mia” e “Melao de cana”. Foram traduzidas, mas já havia gravado essas canções por volta dos anos 50.
Show
Homenagem ao Centenário de Celia Cruz resgatará sucessos da rainha da salsa, mas adicionando um tempero bem brasileiro.
A presença no espetáculo do grupo Batanga & Cia., da cantora Fabiana Cozza e do músico Swami Jr. são a garantia de que essa homenagem estará à altura do que foi o percurso de Celia Cruz.
Batanga & Cia. é um grupo formado por músicos de Cuba, da Colômbia e do Brasil que fazem um som polirrítmico e que exploram a multiculturalidade.
Esperamos que esse não seja um espetáculo isolado e que possa ser apresentado, durante este ano, em outros espaços.
Esta coluna é um espaço destinado à cultura e músicas latinas. Mais informações sobre esses temas você encontra em www.ondalatina.com.br e no Canal Onda Latina: https://www.youtube.com/@canalondalatina
Assista um vídeo com Batanga & Cia.: