O show solo musical de comédia stand-up “ Gustavo Mendes – Aquele Cara Que Imitava a Dilma” celebrará 25 anos da carreira do comediante, que retorna aos palcos com energia renovada.
Com imitações já clássicas, como a da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), e novos personagens, Gustavo Mendes estreará no próximo domingo (8), no Clube Barbixas, às 18h, em São Paulo, levando junto, claro, seu sarcasmo afiado de sempre.
No palco, o humorista revisitará momentos clássicos de sua carreira, misturando imitações com improvisos, acompanhado pelo tecladista Júlio Fonsecca.
“É um show musical, no formato stand-up comedy, e o diferencial é que as piadas são musicadas. Eu estou de cara limpa e ali vão surgindo os personagens, a não ser a Dilma que eu coloco o casaquinho vermelho e viro ela. Eu brinco que a Dilma é um espírito que baixa em mim, então, eu não preciso de maquiagem, não preciso de muita coisa” , revela, em entrevista ao Portal iG.
O humorista também vai cantar em cena. Estarão no palco, entre seus personagens, Maria Bethânia, Roberto Carlos e Alcione.
Gustavo Mendes caracterizado de ex-presidente Dilma
Sobre o nome escolhido para o show de seu retorno, ele diz que é uma espécie de libertação.
“Eu odiava que se referissem a mim sempre como aquele cara que imitava a Dilma. Eu sou Gustavo Mendes, eu tenho outros personagens, eu fiz muita coisa. Mas aí, eu fiz as pazes com a minha história, porque minha história é linda e esse personagem me deu tudo. As pessoas querem ver a Dilma”, explica .
E brinca: “A Dilma é a minha poeira; as pessoas vão ao show da Ivete Sangalo para ouvir ela cantar ‘Poeira’. Não dá para fugir disso” .
Programe-se
Serão duas apresentações em São Paulo neste mês de junho, a segunda, no dia 22 .
Em seguida, a agenda segue para cidades de todo o Brasil ( confira abaixo a lista ).
Na entrevista ao iG, Gustavo Mendes detalhou passagens da trajetória de comediante e falou do momento de retomada, depois de um necessário período de pausa para cuidar de sua saúde física e mental.
“Eu nunca parei, desde o início da minha trajetória no humor, ainda criança, no interior de Minas” .
Guardador de carros por meia hora
E foi quando criança mesmo, com cerca de 10 anos, que ele começou no palco de um teatro de bolso (espaço reduzido para apresentações, com estrutura básica de um grande palco) de Guarani, sua cidade natal, no interior de Minas Gerais.
Gustavo Mendes, hoje com 36 anos, conta que, apesar de Guarani ser muito pequena, com apenas 9 mil habitantes, sempre abriu espaço para manifestações dos artistas amadores locais.
“Foi naquele teatro de bolso que eu pude ver pessoas comuns da cidade – a costureira, o açougueiro – se transformando em estrelas teatrais, à noite” .
Algum tempo depois dessa descoberta, ele deixou Guarani, com 14 anos, e foi Juiz de Fora (MG) para ingressar no ensino médio e fazer curso técnico.

O comediante Gustavo Mendes
“Vinha de uma família que não tinha condições de me sustentar; eu sabia que tinha que estudar e trabalhar ”.
Naqueles tempos, ele já tinha tomado gosto pelo teatro e decidiu escrever um espetáculo de humor, com um amigo. Foi o primeiro sucesso.
“Enquanto eu ensaiava essa peça, conheci o dono de um bar de Juiz de Fora que promovia shows de música e precisava de um guardador de carros. Eu topei, porque precisava do dinheiro. Mas, minha carreira de guardador de carro durou 27 minutos” , brinca.
No seu primeiro dia de trabalho, o jovem descobriu que, além de música, o bar também contava com show de humor.
Mendes teve a oportunidade de substituir um colega que havia faltado naquela noite, e conquistou seu espaço, onde ficou até completar 18 anos e decidir tentar a carreira no Rio de Janeiro.
A chegada ao Rio e um conselho de Bruno Mazzeo
Ao se mudar para a capital fluminense, foi convidado por um produtor de elenco de figuração para uma vaga na gravação de externa da novela Pé na Jaca, que estava no ar na TV Globo.
“Estava chovendo muito na cidade cenográfica. E eu tomando muita chuva, com ódio daquilo. Foi aí que vi um ator, o Miguel Rômulo, que na época era menino, passando com um segurança que carregava o guarda-chuva dele. Porque, obviamente, estava chovendo e o figurino não podia molhar. Então, eu pensei: só vou voltar aqui quando tiver alguém para carregar o guarda-chuva para mim. E fui embora” , relata, rindo da recordação.

Gustavo Mendes, nos bastidores da TV
O humorista conta que entrou em um shopping e encontrou o comediante Bruno Mazzeo, também roteirista que, na época, estava no ar no canal Multishow com a primeira temporada da série Cilada.
“Eu não conhecia o programa dele naquela época, mas lógico que eu sabia quem era o Bruno Mazzeo. Me aproximei e contei que estava vindo do interior de Minas, queria ser comediante e precisava só de um conselho. Ele me disse: não faça figuração, vai estudar. Figurante não é ator”.
Gustavo resolveu voltar para Juiz de Fora (MG) e fazer show de humor todos os dias para se aprimorar. E assim foi por quase 2 anos.
Do concurso de humor à presidente Dilma
Até que, em 2008, os grandes programas de auditório da TV anunciaram concursos de humor para descobrir novos talentos.
“Tinha o Faustão no domingo, Luciano Huck no sábado, além do Silvio Santos e o Tom Cavalcante. Todos no mesmo período, promovendo concurso de humor. Primeiro pensei em me candidatar nos quatro, depois pensei que, se ganhasse os quatro, ia ter que dizer não para alguém. Foi aí que decidi pelo Tom, que é meu ídolo. Era meu sonho conhecer e trabalhar com o Tom. Me inscrevi, fiquei em segundo lugar no concurso, assinei contrato com a Record e fiquei dois anos no show do Tom”
O personagem que popularizou Gustavo Mendes, a presidente Dilma Rousseff, nasceu na Record.
A ideia era se destacar entre os grandes comediantes que dividiam com ele os quadros do programa. Porém, a Dilma de Gustavo Mendes logo se destacou nas redes sociais.
Daí veio o convite para fazer o personagem no programa humorístico Casseta e Planeta, retomado no canal Multishow pelos criadores do programa de mesmo nome que marcou época na TV aberta.
“Eu estava assistindo a uma entrevista do Claudio Manoel, do Casseta, falando sobre a volta do programa, e aí ele foi questionado sobre quem ia fazer a Dilma, porque o Casseta sempre tinha o presidente e tal. E ele respondeu que tinha um cara na internet, chamado Gustavo Mendes, que fazia muito bem”.
Na época, um vídeo da presidente Dilma, de Gustavo, virou sucesso no YouTube.
“Eu subi o vídeo para mandar o link para o Tom conhecer a Dilma e, depois disso, o vídeo viralizou. O programa do Tom acabou logo em seguida e eu acabei indo para a Globo”.
No primeiro dia de gravação na TV Globo choveu.
“E não é que veio um segurança para carregar meu guarda-chuva?”
Mesmo na TV, destacando-se com vários personagens, o humorista continuou firme nos palcos.
“Comecei no teatro, depois fui para a TV e só depois fui para a internet, que foi onde o negócio tomou outro rumo. Por alguns bons anos, eu fui o maior vendedor de ingressos do país. Claro, uma carreira é feita de altos e baixos. E só tem baixos e altos quem tem carreira”.
Pausa estratégica
Junto com o sucesso, Gustavo Mendes conta que experimentou a compulsão pelo álcool, o uso de remédios para dormir e a cocaína. E foi a percepção do exagero que o fez entender que era a hora de parar e se curar.
“Eu decidi, em 2018, que precisava fazer uma bariátrica. Me enxergava gordo demais e estava insatisfeito. Na época, eu não admiti logo de cara que tinha feito a cirurgia; eu queria sair bonito na mídia, falar que emagreci com crossfit. O problema é que emagreci muito rápido; em meses eu já tinha perdido 60 quilos”.
Diante da acelerada perda de peso, surgiram boatos de que o comediante estaria doente.
“Surgiu um papo de que eu estava com câncer, depois com Aids. E esse estigma todo com os pacientes de câncer, o preconceito que os soropositivos ainda carregam, apesar de hoje o tratamento ter evoluído muito, começou a me afetar”.
Foi aí que ele resolveu falar sobre a bariátrica e também sobre todos os efeitos colaterais que o acometeram, como a anemia, falta de vitaminas e a depressão.
“Eu era um gordo compulsivo pela comida. Depois da bariátrica, como eu não podia mais comer, eu fui à compulsão por compra. Depois, eu fui para a compulsão pelo álcool. Mas eu não queria beber sem limite e, um pouco que bebia, já ficava bêbado. Então, comecei a tomar remédio para dormir. Aí, eu conheci a cocaína, que me tirava o sono. Então, eu tomava mais remédio para dormir. E aquilo virou um ciclo”.
Com a pandemia de Covid-19, que chegou ao Brasil no início de 2020, Gustavo conta que a situação se agravou.
Em 2022, decidiu que era hora de parar e buscar ajuda. Voltou para Minas Gerais, se reconectou, buscou a espiritualidade e as medicinas da floresta.
“Eu já estou há 3 anos limpo, vivendo o melhor momento da minha vida e agora eu decidi voltar aos palcos. Estou muito feliz de voltar e quero que a plateia sinta essa felicidade. Quero ofececer um show com muita gargalhada”.
Confira o vídeo que o comediante enviou ao Portal iG:
Serviço:
Gustavo Mendes – Aquele Cara Que Imitava a Dilma”
08/06 e 22/06
Domingo
Horário: 18h
Local: Clube Barbixas
Endereço: R. Augusta, 1129 – Consolação, São Paulo
Classificação etária: 18 anos
Duração: 65 minutos
Capacidade: 280 pessoas
Bilheteria física – Sem taxa de Conveniência
Datas e horários de atendimento:
Terça a Sábado: das 19h às 21h
Domingos e Feriados: das 17h às 21h
Local: Clube Barbixas
Vendas online: site.bileto.sympla.com.br/clubebarbixasdecomedia
Estacionamento:
Não há serviço de Valet.
Há estacionamentos no entorno (sem convênios com esses locais).
Mais informações: clubebarbixas.com.br
Próximos shows
20/07: Bauru (SP)
23/07: Paranaguá (PR)
24/07: Curitiba (PR)
17/08: Campinas (SP)
20/08: Rio de Janeiro (RJ)
22/08: Bragança Paulista (SP)
23/08: Americana (SP)
24/08: Sorocaba (SP)