Após anos de morada na Europa, Alirio Netto e Livia Dabarian estão de volta – temporariamente – ao Brasil para rodar O Último Canto das Cigarras , novo filme musicado com roteiro e direção de Tercio Garofalo. As filmagens ocorrem em Brasília e marcam o reencontro do casal com o público brasileiro, agora em um projeto audiovisual que une música, drama e uma narrativa sensível sobre recomeços.
Com estreia ainda sem data divulgada, o longa acompanha a história de Sebastian, um cantor com carreira internacional que perde a voz em um trágico acidente. Em meio ao silêncio, ele conhece Aurora, filha do dono de uma fábrica de pianos e cantora frustrada que teve sua própria voz reprimida desde jovem. O encontro entre os dois marca o início de uma jornada de cura, em que a música volta a ser ponte entre dor e renascimento.
A ideia do longa surgiu de uma parceria antiga entre o diretor Tercio Garofalo e Alirio Netto, que vinha alimentando o projeto há mais de uma década. A narrativa explora o lado menos romantizado da vida artística — feita não apenas de palcos e holofotes, mas também de pausas, frustrações e reinvenções.
Alirio Netto e Livia Dabarian
“O Último Canto das Cigarras nasceu de um lugar muito íntimo meu, e de observar algumas jornadas de amigos que de alguma forma estiveram em situações onde, após passarem por algum trauma, perderam algo que fazia parte de quem eram”, revela Alirio em entrevista exclusiva ao iG. “Essa ideia me acompanhou por mais de uma década, passou por tantas fases, transformações, pausas e retomadas… Ver esse projeto finalmente ganhar vida, com uma equipe tão comprometida e talentosa, é profundamente emocionante.”
Além de protagonista, o artista também assina a trilha sonora original do filme. “Poder vivê-lo não só como ator, mas também como compositor, me permite mergulhar ainda mais fundo nesse universo que ajudamos a construir. É como se uma parte muito essencial de mim estivesse sendo contada ali. Mais do que um filme, é um pedaço da minha história”, diz.
Livia Dabarian, que dá vida à personagem Aurora, mergulha em uma trama marcada por silenciamento e superação. A personagem é uma cantora que abandona seus sonhos ainda jovem ao se envolver em um relacionamento abusivo. “Apesar de não ter passado exatamente por isso, acredito que todas nós, mulheres, já tivemos nossos sonhos questionados e diminuídos por sermos mulheres”, afirma. “Esse é um tema que eu estou muito ansiosa para defender.”
Essa vivência emocional se mistura com a cumplicidade construída com o parceiro dentro e fora das telas. “Eu e o Alirio temos uma cumplicidade difícil de colocar em palavras. Nunca conheci alguém tão generoso como ele em cena, e isso faz o processo – independente de sermos um casal – muito gostoso. Sempre tivemos o sonho de fazer um filme com música, e estamos curtindo muito o processo.”
Para interpretar os personagens, os dois passaram por um intenso preparo. Alirio conciliou os ensaios e a composição musical com uma agenda internacional intensa. “Acabei de voltar de uma tour de mais de 60 shows na Europa com o Extravaganza, além de uma tour de 10 shows com o Kiko Loureiro na América do Sul. Eu me preparava entre os shows”, conta. “Estar no Brasil e mergulhar nesse processo criativo está sendo revigorante. Claro que há um cansaço físico, são mundos muito diferentes em ritmo, energia e exigência, mas ao mesmo tempo há uma troca muito rica. Um alimenta o outro artisticamente.”
Gravado em Brasília, o longa representa mais que um novo projeto artístico para os dois: é também uma reconexão com o país, com suas origens e com uma história de amor que começou nos palcos, em 2016, durante a temporada brasileira do musical “We Will Rock You”, e agora ganha nova vida nas telas.