O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) pediu o bloqueio de bens do influenciador Hytalo Santos e do marido dele, Israel Nata Vicente, investigados por denúncias de trabalho infantil nas redes sociais, exploração sexual e tráfico humano para fins de exploração infantil.
No pedido, enviado à Justiça do Trabalho da Paraíba na última segunda-feira (18), consta o pedido de bloqueio de cinco carros de luxo, empresas, bens e valores, totalizando até R$ 20 milhões.
Segundo o MPT, a medida visa garantir o pagamento futuro de indenização por dano moral coletivo, além de custear medidas de reparação e assistência às vítimas. O pedido se baseia em indícios de ocultação de patrimônio, incluindo movimentações financeiras atípicas e estratégias para esconder bens.
Denúncias de 2024
De acordo com Ministério Público do Trabalho da Paraíba, denúncias sigilosas contra Hytalo Santos foram feitas em 17 de dezembro de 2024. O órgão deu início às investigações e segundo o procurador do Trabalho Flávio Gondim, mais de 15 pessoas foram ouvidas e mais de 50 vídeos analisados.
Segundo o procurador, a investigação aponta que na casa do influenciador funcionava uma espécie de “reality show” , com produção intensa de conteúdo para redes sociais quase 24 horas por dia, gerando receita financeira aos acusados. “É inquestionável a existência de uma relação de trabalho” , afirmou Gondim, que conduz um inquérito com mais de duas mil páginas.
O MPT-PB entrou em contato com ex-funcionários e outras pessoas que conheciam a rotina da casa onde Hytalo morava com os menores. Além disso, foram ouvidas as coordenações de duas escolas, que apontaram situações pontuais onde os menores ficaram a ficar afastados da escola por até 50 dias.
“Pelos fatos já apurados, não há como negar que há exploração do trabalho infantil. A erotização e o fato de haver a ‘monetização’. Isso já é suficiente para caracterizar um quadro de exploração sexual. Quando você tem o aliciamento em outra cidade, o deslocamento, o alojamento, mediante fraude ou até aproveitamento de situação de vulnerabilidade da criança ou do adolescente a gente pode pensar também no tráfico de pessoas. Tudo isso está sendo devidamente apurado” , afirmou Flávio Gondim.