Há 142 anos, no dia 19 de agosto de 1883, nascia em Saumur, na França, Gabrielle Bonheur Chanel, nome que mais tarde se transformaria em um dos maiores ícones da moda: Coco Chanel. Sua trajetória moldou a revolução estética e cultural que ela acabaria por provocar no vestuário feminino do século XX com suas criações vanguardistas. Ela teve uma vida marcada por sérias dificuldades na infância e na adolescência. A mãe de Chanel, que era lavadeira, morreu vítima de tuberculose quando ela tinha apenas 12 anos. A futura estilista foi internada com a irmã em um orfanato administrado por freiras, onde Gabrielle aprendeu a costurar. Na adolescência, trabalhou como cantora em cafés, ocasião em que ganhou o apelido “Coco”, uma alusão à música “Qui qu’a vu Coco” Apesar da origem humilde, Chanel demonstrou visão de futuro e ousadia, decidindo abrir caminho em um universo até então dominado por convenções rígidas. Em 1910, inaugurou sua primeira loja em Paris, a Chanel Modes, inicialmente dedicada à chapelaria. À época, ela passou a se tornar conhecida quando Gabrielle Dorziat, atriz de teatro, usou seus chapéus na peça “Bel Ami”. Dois anos depois, ela inaugurou uma loja na região da Normandia em que, além dos chapéus, vendia roupas, incluindo uma linha esportiva feita com o tecido de malha jérsei. No mesmo período, ela criou uma blusa com listras horizontais inspirada no uniforme da marinha, a marinière. Em seguida, ela também apresentou um conceito inovador: peças femininas com linhas simples, confortáveis e sem espartilhos, libertando as mulheres do traje considerado opressivo. Chanel defendia a elegância prática, que refletia a independência feminina em uma sociedade em transformação. Em 1918, ela comprou imóvel na rua Cambon, onde abriu a loja Chanel no térreo e que até hoje é um ponto turístico na capital francesa. Em 1921, ela lançou o Chanel Nº 5, primeiro perfume a levar o nome de uma estilista e até hoje um dos mais vendidos do mundo. Três anos depois, a estilista francesa lançou sua primeira coleção de maquiagem, com pós faciais e batons. Ao longo das décadas, Coco Chanel consolidou-se como sinônimo de sofisticação. Ela foi responsável por lançar o tailleur de tweed, a bolsa de alça de corrente e o pretinho básico, que se tornaram clássicos universais. A criação do tailleur de tweed, em 1956, é um dos símbolos da trajetória profissional de Chanel. Trata-se de um elegante conjunto de roupa feminino composto por um casaco e uma saia. A vida pessoal de Chanel foi marcada por romances, amizades influentes e também por controvérsias. Em especial, por sua ligação com figuras da elite europeia durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar das críticas, seu legado artístico permaneceu intacto. Ela teve envolvimentos amorosos com figuras influentes da época. O suposto caso com o compositor e pianista russo Igor Stravinsky foi retratado no filme “Coco Chanel e Igor Stravinsky”, que encerrou o Festival de Cannes de 2009. Apesar da vida amorosa agitada, a estilista não se casou e nem teve filhos. Outra produção cinematográfica conhecida que tem Chanel como tema é a cinebiografia “Coco Antes de Chanel”, em que a atriz Audrey Tautou – de “O Famoso Destino de Amélie Poulain” – encarna a estilista. Coco Chanel morreu aos 87 anos, em 10 de janeiro de 1971, em Paris, no famoso Hotel Ritz, onde viveu durante anos. A causa da morte foi um ataque cardíaco. Sua influência atravessou gerações. Mais do que roupas, Chanel criou um estilo de vida: livre, prático e atemporal. Hoje, a Maison Chanel segue como uma das marcas mais prestigiadas do mundo, e a estilista é lembrada como pioneira de uma moda que libertou as mulheres dos padrões de sua época e redefiniu o conceito de elegância.