O escritor Raphael Montes afirmou, durante sua participação no programa Roda Viva nesta segunda-feira (21), que Suzane von Richthofen não recebeu dinheiro nem participou da produção dos filmes A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais, roteirizados por ele e lançados no streaming.
Ele ainda destacou que decidiu aceitar o convite para roteirizar os longas após identificar temas sociais por trás do crime, como a diferença de classes.
O autor, conhecido por obras como Jantar Secreto, O Vilarejo, Bom Dia, Verônica (que virou série na Netflix) e Beleza Fatal, novela da HBO, declarou que inicialmente recusou o projeto por acreditar não ter o que contar.
Segundo ele, as críticas recebidas por parte do público revelaram desconhecimento sobre o processo de criação do filme.
” Me preocupa quando a crítica vem sem um conhecimento prévio, ou seja, eu vi muitas críticas no sentido de que […] a Suzane Richthofen ganhou dinheiro com esse filme. Não, não ganhou. Ou o filme é a versão dela. Não, nunca nem conheci a Suzane, nunca entrevistei, nunca nada “, afirmou.
Montes disse que não se interessa pela violência em si, mas pelo que ela revela sobre a sociedade. “ Através da violência, o que eu discuto? “, questionou.
O escritor afirmou que só aceitou escrever o roteiro ao perceber que, por trás do caso Richthofen, havia questões estruturais que gostaria de abordar.
” Tem uma coisa muito comum, que é a diferença de classes, que é a menina princesa de família rica que conhece o plebeu “, disse, acrescentando que isso permitiu explorar elementos da sociedade paulistana e das pressões familiares.
Ele contou ainda que a ideia central do roteiro, feita em parceria com a coautora Ilana Casoy, foi mostrar duas versões distintas do período anterior ao crime, com base nos relatos dos envolvidos.
” Não vamos contar o crime real, nem o que saiu no jornal. Vamos contar, antes do crime, as duas versões da história que eram opostas “, explicou.
Para Montes, tanto a versão de Suzane quanto a de Daniel são ficções. ” O que ele conta é a ficção dele. E o que ela conta é a ficção dela “, concluiu.